quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
DAKAR 2015: UMA ETAPA MUITO DURA
A etapa de hoje do Dakar, que levou os concorrentes desde o lago salgado de Uyuni, na Bolívia, de regresso a Iquique, no Chile, foi, segundo muitos, das mais árduas de que há memória na história da prova. Muito dos pilotos de motos pediram mesmo à organização para anular esta especial devido às condições do terreno, com a chuva e o frio a colocarem em causa a segurança dos pilotos na zona do Salar. Mas a ASO decidiu avançar e o resultado foram diversas desistências, vários pilotos que, esta noite, ainda não tinham atingido o bivouac em Iquique, e alterações radicais na classificação, das quais as mais sonantes são as que resultaram dos problemas de Joan Barreda e Hélder Rodrigues.
O espanhol que liderava a prova e que, ontem, chegou a Uyuni com o guiador partido – naquela que, recorde-se, era uma etapa maratona, sem recurso a ajuda dos mecânicos – conseguiu solucionar o problema com a ajuda de um piloto privado Honda, o argentino Guiral, voltou hoje a ter azar, e já correu mundo a imagem de Barreda a ser rebocado pelo seu colega de equipa Jeremias Israel.
Também Hélder Rodrigues teve problemas – supõe-se que elétricos – com a sua Honda CRF 450 Rally, ficando parado na especial. Ambos perderam mais de três horas para os homens da fernte, com Rodrigues a chegar em 71º, duas posições atrás de Barreda. Com este resultado, Hélder Rodrigues desde para 19º da geral e Barreda para 16º, a 2h51m do líder.
Entre os homens do top 20, também Jordi Viladoms, Michael Metge, Alessandro Botturi e Daniel Gouet abandonaram a prova nesta etapa demolidora.
E quem ganhou? O chileno que está a fazer sensação, Pablo Quintanilla, foi o mais rápido nesta tirada complicada, uma vitória ao sprint com apenas 11 segundos de vantagem sobre Joan Pedrero e 12 segundos sobre Stefan Svitko, com Toby Price pouco atrás. O quinto posto foi para Laia Sanz, a melhor da esquadra Honda no dia de hoje, com a espanhola a alçar-se agora ao 9º lugar da geral.
Marc Coma deixou-se rolar rumo ao 9º posto do dia e ao comando do rali, seguido de Ruben Faria, que foi 10º da etapa e o melhor dos portugueses, subindo dois furos para 6º da geral.
Paulo Gonçalves foi 15º e Mário Patrão 23º colocados, com Gonçalves a ser agora 2º da geral a 9m11s de Marc Coma, e transportando consigo as esperanças da Honda. O problema é que, atrás de si, vêm quatro pilotos KTM, com Laia Sanz um pouco mais distante, mas Barreda e Rodrigues também deverão ter como missão, a partir de agora, ajudar Paulo Gonçalves.
O piloto de Esposende também não poupou críticas à organização, e à chegada à Iquique faz um breve relato do dia de hoje: “choveu torrencialmente a noite toda, o salar estava completamente cheio de água, inundado, era um salar com 135 quilómetros. A maioria dos pilotos não queria correr, por condições de segurança, não se via a mais de 100 metros, tínhamos uma altura de água no salar com cerca de 10 a 15 centímetros e andávamos a uma velocidade de cerca de 170 km/hora. Muitos pilotos tiveram problemas, eu tive problemas, a minha mota parou no salar e durante a especial mas, felizmente, consegui chegar ao final, houve pilotos que não conseguiram chegar e alguns deles foram evacuados para o hospital com hipotermia. É uma pena que seja assim, para se fazer a vontade a alguns se ponha a segurança dos pilotos de parte. Amanhã é outro dia, estamos aqui e este Dakar é para terminar”.
Também Ruben Faria se referiu a este dia como “muito duro. Começámos com bastante frio no Salar de Uyuni e fechámos a jornada com calor no Chile num dia de verdadeiros contrastes. Após o arranque percebi de imediato que a muita água acumulada no Salar podia ser prejudicial para a moto e quando fizemos a primeira paragem a preocupação foi tentar descolar a pasta de sal que estava a tapar o radiador da moto e muitos dos seus componentes. Isso foi feito e segui com o meu ritmo até ao final da primeira secção. Depois na fase final ataquei um pouco mais e consegui ganhar posições para fechar o dia em décimo. Estou muito satisfeito por estar de volta a Iquique, especialmente porque ultrapassei uma etapa em que andámos em altitudes elevadas, a minha moto não teve problemas e consegui mesmo subir duas posições na geral. Hoje foi um dia mesmo muito duro e mais um grande teste que consegui suplantar, mas o Dakar ainda não acabou.”
Amanhã, a 9ª etapa leva a caravana de Iquique para Calama, com 88 km de ligação e 451 km de especial cronometrada, na despedida do deserto do Atacama.
Classificação 8ª etapa
1. Pablo Quintanilla (KTM), 2h56m19s
2. Joan Pedrero (Yamaha), a 11s
3. Stefan Svitko (KTM), a 12s
4. Toby Price (KTM), a 41s
5. Laia Sanz (Honda), a 2m36s
6. Xavier De Soultrait (Yamaha), a 6m36s
7. Alain Duclos (Sherco), a 6m42s
8. Hans Vogels (KTM), a 7m34s
9. Marc Coma (KTM), a 7m37s
10. Ruben Faria (KTM), a 7m44s
15. Paulo Gonçalves (Honda), a 12m17s
23. Mário Patrão (Suzuki), a 23m53s
71. Hélder Rodrigues (Honda), a 3h05m50s
Classificação geral após a 8ª etapa
1. Marc Coma (KTM), 28h51m12s
2. Paulo Gonçalves (Honda), a 9m11s
3. Pablo Quintanilla (KTM), a 11m11s
4. Toby Price (KTM), a 15m56s
5. Stefan Svitko (KTM), a 26m30s
6. Ruben Faria (KTM), a 34m34s
7. Alain Duclos (Sherco), a 58m08s
8. David Casteu (KTM), a 1h10m48s
9. Laia Sanz (Honda), a 1h18m51s
10. Ivan Jakes (KTM); a 1h47m47s
19. Hélder Rodrigues (Honda), a 3h25m41s
40. Mário Patrão (Suzuki), a 9h23m48s
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