O Campeonato Nacional de Velocidade 2015 arrancou neste passado domingo no Autódromo do Estoril, numa jornada em que quase todas as corridas foram animadas por grandes duelos pela vitória.
Depois do período da manhã dedicado aos treinos, o programa começou pela tarde, com a meteorologia a ajudar, com a corrida do Campeonato de Motos Clássicas, com um plantel bastante pobre em relação ao que temos visto nos últimos anos, pois apenas sete pilotos formaram a grelha. António Machado (Yamaha TZ350) começou na frente, mas desde a segunda volta André Caetano (Honda CB900 Bol d’Or) surgiu na dianteira, posição que só perdeu na derradeira passagem à pista quando Machado atacou para vencer, batendo o opositor por 0,9s. Na antepenúltima volta José Barbosa (BMW R75) ascendeu ao 3.º posto, remetendo Bernardo Vilar, com problemas na sua Honda Bol d’Or para o 4.º lugar.
Seguiu-se a corrida de Superstock 600 e um espetacular duelo entre dois dos nossos melhores jovens pilotos, Ivo Lopes e Pedro Nuno (ambos em Yamaha R6), este último a estrear-se oficialmente nas motos “grandes”. Ambos rodaram sempre colados e, na ponta final, Ivo Lopes bateu Pedro Nuno por 143 milésimas de segundo. Romeu Leite foi o 3º colocado.
Também a prova do Troféu Século XX/ Taça Luís Carreira teve suspense até final. Isto porque o detentor do troféu, Diamantino Santos (Suzuki), fez as despesas da liderança até à última volta, quando foi surpreendido pelo ataque de António Maximiano (Suzuki). Este ganhou, e a diferença final entre eles foi apenas de 63 milésimas de segundo. Por sua vez, Pedro Flores (Kawasaki) garantiu o 3º lugar, apenas com um segundo de avanço sobre João Trancoso (Suzuki).
Outro emotivo duelo aconteceu na Moto Júnior, com João Vieira e Paulo Leite a alternarem no comando. Só a partir da antepenúltima volta Vieira se fixou na dianteira, para terminar 1,9s mais cedo que o opositor. Já Bruna Lopes rodou sempre no 3.º posto absoluto e primeira da classe 85/ Moto4, na qual Tomás Alonso foi 2.º colocado.
O programa terminou com a classe rainha do CNV, as Superbike, onde as expetativas estavam no renovado duelo entre os dois primeiros colocados de 2014, André Pires e Tiago Magalhães, e também no regresso do Multicampeão Rui Reigoto, após cinco temporadas afastado das pistas.
André Pires estreava a novíssima Yamaha YZF-R1, enquanto Tiago Magalhães, que ainda há pouco tempo atrás se encontrava “apeado” para o Nacional, conseguiu assegurar uma posição com uma Kawasaki ZX-10R do Team Oneundret, exatamente a que estava reservada para o regresso anunciado de Rui Reigoto, que aos 41 anos iria voltar à competição.
Sucedeu que, a poucas semanas do arranque do campeonato, divergências entre o sete vezes Campeão Nacional e a equipa Oneundret fizeram com que o projeto conjunto caísse por terra, pelo que Reigoto decidiu correr, mesmo assim, com uma ZX-10R de 2008 – a moto com que correu nos seus dois últimos anos de competição – que se encontrava parada numa garagem há mais de cinco anos.
Com 15 pilotos inscritos e 14 a alinharem, a corrida acabou por ter duas partidas, pois Ricardo Duarte embateu em André Pires ainda na zona da grelha, com o primeiro a ser assistido pelos médicos mas, felizmente, sem problemas físicos. Na corrida, Tiago Magalhães, mesmo com um dedo fraturado na véspera, liderou a maioria das voltas, excetuando uma breve passagem de André Pires pelo comando, enquanto Rui Reigoto surpreendia ao assumir o 3º posto. No final, Tiago Magalhães forçava o ritmo para vencer com 2,2s sobre Pires, enquanto Ricardo Lopes (BMW) era terceiro após aceso duelo com Tiago Morgado (Kawasaki). Pedro Monteiro (Yamaha) foi quinto, passando Rui Reigoto, a quem um amortecedor danificado e as condições de material que detinha só lhe permitiram chegar no 6º posto, ainda assim assinalável para um regresso nestas condições.
Para Tiago Magalhães, foi “muito bom começar o ano a vencer. O André como sempre foi um adversário bem difícil mas no final consegui fazer a diferença. Nas derradeiras voltas estudei qual a melhor opção para atacar no final e acabei por conseguir. Foi mais complicado por causa do dedo, mas consegui resistir ás dores e vencer. Foi um dia perfeito.’ Referiu o campeão nacional em 2011 e 2013.”
O Nacional de Velocidade regressa ao Estoril a 24 de maio, para a segunda ronda do Campeonato.