Estava eu a passear neste Domingo, 04/05/2014, pelas ruas da cidade de Esposende quando avisto uma maravilha destas... uma Vespa Piaggio Px 150 "verdinha" e com sidecar!
O mais europeu de todos os veículos de duas rodas nasceu na Itália para ser barato, funcional, econômico, robusto e, claro, charmoso e elegante. Além disso, deveria também ser fácil de pilotar por todos, não sujar as roupas do condutor e ainda levar um passageiro... Ainda não sabe de que se trata? Uma dica que praticamente é a resposta: ele foi batizado com o nome de um inseto, em alusão ao ronco de seu motor dois-tempos com ventoinha de arrefecimento, que mais parece um zumbido. Com essa dica, é impossível não saber a resposta: Vespa!
Enrico Piaggio presidia a empresa fundada por seu pai quando a Segunda Guerra Mundial acabou. Era tempo de Europa destruída física e financeiramente. A fábrica da Piaggio encontrava-se em ruínas, mas isso não intimidou Enrico, que resolveu deixar o campo aeronáutico em busca de um novo tipo de veículo, capaz de suprir a necessidade de locomoção básica da população.
Uma vez que as estradas estavam precárias e os italianos não tinham dinheiro ao perder a guerra, a solução era um veículo simples e econômico. Na fábrica semi-destruída encontravam-se centenas de rodas de trem de pouso de bombardeiros (da bequilha, na extremidade traseira) e grande número de pequenos motores multiuso para lançamento desde aviões.
Então, a ideia básica da Vespa estava esboçada. Nas mãos de Corradino D'Ascanio (1891-1981), brilhante engenheiro aeronáutico que estava na Piaggio desde 1934, ela concretizou-se, apenas oito dias depois de Enrico ter dado a ordem a D'Ascanio de projetá-la.
A Vespa logo caiu no gosto do consumidor e seu sucesso foi absoluto. Outros veículos foram criados utilizando a mesma proposta, mas não alcançaram o mesmo êxito que o original. Para tanto, a Piaggio não contou apenas com o carisma que o veículo obteve: montou uma completa rede de assistência técnica em todo o território italiano e proporcionou cursos na fábrica para mecânicos.
Além disso, o veículo tinha uma relação custo-benefício extremamente favorável. A Vespa chegava a qualquer canto da destruída Itália do pós-guerra gastando muito pouco - podia ser usada em qualquer situação, sob qualquer condição. Ao final de 1949 já haviam sido produzidas mais de 35.000 unidades, um recorde para uma época tão conturbada.
Em 1948 uma nova motorização de 125 cm³ e 4,7 cv de potência era lançada, e com ela, algumas revisões tecnológicas que se encontram até hoje nos veículos em produção. A mais visível ficava por conta do assoalho em lugar das duas placas de apoio para os pés. Também eram adotados suspensão na roda traseira, pára-lama dianteiro e pequenas alterações na "carroceria". A velocidade máxima chegava a 75 km/h.
Cinco anos depois o motor era modificado, passando a 5 cv, e surgia uma versão utilitária com o farol mais elevado. O famoso modelo GS (Grand Sport) 150, mais esportivo, saía em 1955 trazendo estilo mais moderno, rodas de 10 pol, câmbio de quatro marchas e velocidade final de 100 km/h. Em 1962 chegava a GS 160, com 8,2 cv de potência e visual renovado.
A pequena versão de 50 cm³, a última desenvolvida por D'Ascanio, vinha em 1964. No ano seguinte aparecia a SS 180, de 10 cv, seguida pelas versões Super Sprint 90 (1966), Primavera 125 (1968) e Elestart 50, com motor de partida elétrico (1970). Finalmente, em 1978, a família PX -- com as versões de 125, 150 e 200 cm³ que estão em produção até hoje. O maior dos motores desenvolvia 12,35 cv e chegou a ser oferecido no mercado norte-americano, na versão Rally. Um câmbio automático foi lançado em 1984, sendo o manete de embreagem agora destinado ao freio traseiro.
Com o tempo, vários clubes de "vespeiros" surgiram para que os admiradores da Vespa fizessem passeios e trocassem informações sobre sua paixão italiana.
Hoje em dia existem milhares de seguidores! Vespa, uma mota de culto! :-)
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