terça-feira, 9 de julho de 2013

O QUE É NACIONAL É BOM! - AJP MOTOS



A chegada das motos AJP ao mercado responde a uma pergunta simples: de que serve ter uma moto superpotente se não se consegue obter dela o seu rendimento total? É nesse campeonato que joga António Pinto, o «senhor Pinto» para todos os que trabalham com ele na fábrica em Lousada.

António Pinto meteu-se nisto há 28 anos, quando estava à frente de uma oficina de reparações que se especializou na afinação de motos. Em bom português, o senhor Pinto «quitava motas» e foi assim que descobriu um segmento de mercado por explorar: o dos amantes de umas voltinhas que não têm intenções de entrar no campeonato nacional de enduro.

Foi a pensar nestes utilizadores que António Pinto imaginou a moto AJP, que o AICEP Capital Global escolheu apoiar em 2008. A AJP monta motos com as suas designações e os seus requisitos comprando os componentes no mercado internacional, num processo muito semelhante ao que fazem outros fabricantes. O motor é Honda, a suspensão Sachs, por exemplo.

As AJP já conseguiram furar o mercado e chegar ao estrangeiro. No dia desta reportagem, montavam-se exemplares destinados a Madagáscar e que, por atraso na chegada de peças, estavam por concluir. Também enviam exemplares para países árabes e, neste mesmo dia, estava presente o representante no Brasil e dois potenciais interessados de Israel. E, para cada mercado, as respectivas motos, com as respectivas homologações. Do outro lado do Atlântico, por exemplo, usa-se mais trinta por cento de álcool do que no nosso país. É uma das mais importantes apostas da AJP. E, se tudo correr bem, ponderam mesmo montar uma linha de produção só para este país. No cartão-de-visita da AJP também constam vendas para o Japão, terra natal de algumas das mais conhecidas marcas de motos de enduro, e França. Dos EUA também têm chegado solicitações.

Em Portugal, duas ideias deram projecção à moto. Primeiro, a parceria com os Xutos e Pontapés. O outro acontecimento foi a viagem de Osvaldo Garcia, ao volante precisamente de uma AJP/Xutos e Pontapés, até à África do Sul, onde chegou no dia 10 de Junho de 2010, a tempo da estreia da selecção das Quinas no Mundial de Futebol. «Só substituí a correia em Moçambique e foi porque a tinha e, assim, ia menos carregado», resume.

A moto concebida por António Pinto trazia inovações em relação às concorrentes. Uma delas foi ter o depósito de combustível atrás, ideia apresentada pela AJP no Salão de Paris, em 2001, e hoje amplamente difundida neste sector. Outra ideia: «O braço de suspensão é inteiro, sem soldadura», nota Nuno Almeida, representante do AICEP. «É a primeira moto do mundo a fazer uma peça única.»

(retirado do artigo "1000 Motivos do nosso Orgulho" publicado na 1000ª edição da revista Notícias Magazine) e http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1528572&page=3



De um sonho de criança nasceu aquela que é hoje a única marca fabricante de motos portuguesa. Ao longo dos últimos 23 anos, a AJP Motos atravessou muitas dificuldades e nunca conseguiu produzir mais do que 300 unidades por ano. Mas desde 2009 que esta empresa, com 20 funcionários, sede em Penafiel e fábrica em Lousada, conta com o apoio da AICEP, o que lhe permite prever, já para este ano, um volume de negócios a rondar os dez milhões de euros. O mercado externo, sobretudo o francês, é a grande aposta.

"O gosto por motos surgiu quando o meu pai me fez uma motorizada de duas muito velhas. Tinha sete anos", conta António Pinto. Mas, quatro anos depois, o progenitor daquele que é o "motor" da AJP Motos morreu e a mãe vendeu todas as máquinas de duas rodas que havia por casa. "Mesmo assim fiquei com o gosto e, aos domingos, ia para a frente da igreja pedir a toda a gente que me deixasse dar uma volta", recorda.

A paixão pelas duas rodas foi aumentando ao ritmo que os anos iam passando e, aos 18 anos, António Pinto deixou a escola e pediu à mãe que lhe abrisse uma oficina. "Fui adquirindo conhecimentos de mecânica enquanto trabalhava e, já na década de 80, fazia mais adaptações do que reparações nas motos que os clientes levavam à pequena oficina", diz.

A AJP Motos foi criada em 1987, por António Pinto. A ele juntou-se o irmão Jorge (daí o nome AJP - António e Jorge Pinto) e surgiu a primeira moto. "No entanto, havia muita desconfiança em relação à moto e resolvi participar no Campeonato Nacional de Enduro e de Todo-o-Terreno. No segundo ano em que participei fui campeão em enduro e quase ganhei em todo-o--terreno", recorda. Por essa altura, a AJP utilizava um motor de 50cc da Casal - marca que já desapareceu - e dedicava-se também à metalomecânica. Aliás, era esta área de negócio que ia suportando a empresa. "Em 1993, a AJP Motos quase se extinguiu por não ser rentável", lembra António Pinto.

Num último fôlego, os responsáveis pela marca da pequena aldeia de Galegos propõem à Casal "fazer a melhor moto de 50cc do mundo". A Casal aceita o desafio, mas no dia da assinatura do contrato recua, o que obriga a AJP Motos a avançar sozinha para a construção de um motociclo de raiz: a AJP Galp 50cc, o primeiro do mundo a ter um braço oscilante em alumínio fundido. "O sucesso foi enorme, mas comercialmente não resultou", frisa António Pinto.



Foi a falta de rendibilidade do projecto que levou Jorge Pinto a abandonar a sociedade em 1998. Para o seu lugar foram António José Cunha e Fernando Seabra, primos de António Pinto e com capacidade financeira para dar novo alento ao negócio. "A partir daí, começámos a expor em salões internacionais, principalmente em Colónia, e obtivemos grande projecção internacional. Mas não podíamos exportar por falta de homologação das motos", afirma.

Em 2000, em pleno processo de licenciamento e com uma produção a rondar as 150 unidades por ano, a AJP Motos enfrenta novo revés. "A Casal, que continuava a fornecer os motores, faliu e ficámos com 300 motos na oficina", afirma.

Mais uma vez, a administração da AJP, neste tempo já totalmente dedicada à produção de motos para o segmento de enduro-lazer e com 12 funcionários a cargo, apresenta o protótipo de uma moto 125cc com motor a quatro tempos. Era a primeira moto do mercado com depósito de plástico por baixo do banco. "Surgiram muitos contactos e, em 2001, foram vendidas 200 motos", refere.

A AJP PR4 foi a moto que permitiu à empresa internacionalizar-se. "A exportação não aumentou muito a produção, até porque o nosso representante em França faliu em 2005. Durante um ano, o nosso principal mercado esteve barrado por questões legais."

Devido uma vez mais à falta de dinâmica do negócio, em 2007, António José Cunha e Fernando Seabra abandonam a AJP Motos, abrindo a porta a Miguel Oliveira, engenheiro mecânico que já colaborava com a empresa há quatro anos. É nessa altura que, a precisar de uma alavanca financeira para apostar em novos mercados, os responsáveis da AJP Motos surpreendem Basílio Horta numa conferência da Agência Portuguesa de Investimento (API), em Penafiel.
As negociações com a API, primeiro, e com a AICEP, depois, prolongam-se por 2008 e terminam, já em 2009, com este organismo a entrar no capital social da empresa através do Fundo de Capital de Risco. Fala-se num investimento de meio milhão de euros, valor que Nuno Almeida, gestor da AICEP Capital Global, não comenta.

"Entrámos com os meios necessários. O investimento da AICEP vai acompanhando o desenvolvimento da empresa", diz.

Para Nuno Almeida, a AJP Motos é "uma empresa de pequena dimensão, mas com todos os ingredientes para se desenvolver". "Só necessitava de um investidor, pois já tinha demonstrado que o produto tinha qualidade", diz.

Com a injecção de capital da AICEP, a AJP Motos dedicou-se, no ano passado, ao aperfeiçoamento de versões antigas e ao desenvolvimento da nova PR5. "Com as 20 versões actuais, acreditamos chegar à produção de 700 motos este ano e o objectivo é chegar às três mil em 2013", revela António Pinto. Deste número, 70% serão vendidos no mercado externo.


Vejam mais em http://www.ajpmotos.pt/






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